segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

3º Encontro Grupo Bom Parto

CONVITE PARA
PAIS E MÃES GESTANTES!!! 

3º ENCONTRO DO GRUPO BOM PARTO
TEMA: DOR NO PARTO

02/FEVEREIRO 19:00
Oficina Cultural (pça. Clarimundo Carneiro, 204)
Levar: lanche, almofada (e toalha para deitar no chão)


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Doular e Doar


Nascimento de uma Doula

A figura da Doula pode aflorar em vários momentos na vida de uma mulher. As características essenciais que revelam esta presença podem vir desde o nascimento e ir crescendo ao longo da vida fazendo que a mulher oferte a sua presença e o seu apoio sem nunca ter freqüentado um curso de capacitação de Doulas, e sem ao menos saber que o que faz ali tem nome, registro e história. Esta Doula é formada na escola do amor, da intuição, da fraternidade e da gratuidade. E, por incrível que pareça, em tempos modernos ela ainda existe, em lugares não urbanos por exemplo.

O que qualifica uma Doula e a diferencia é o quanto ela pode, generosamente, doar nos cuidados dirigidos à outra mulher. E isto originalmente vem de dentro, do coração e da alma. Isto vem da compreensão da mulher do seu papel de “estar junto”, oferecendo apoio. Estar junto, no fundo, significa sobretudo saber olhar e tocar com respeito; saber se colocar como presença humilde e serena naquele ambiente sagrado onde uma nova vida é esperada; significa ser forte e firme para acolher com amor materno, a emoção daquela mulher-mãe que também está nascendo.

Ser Doula tem muito mais a ver com o que a mulher é, e com a forma com que ela se doa, do que com o tipo de formação que ela teve. Por outro lado se, essencialmente, dentro da mulher não houver espaço para a presença de Doula, não serão diplomas acumulados que a conceberão.
Atualmente, doular também é um trabalho remunerado. Muitas mulheres têm como renda secundária ou principal a prestação deste serviço. A grande maioria das mulheres-doula considera que sua oferta de apoio seja mais importante do que a renda financeira, facilitando bem a forma de pagamento, de modo que a família não seja desassistida por fala de condições de pagar pelo serviço. Algumas são voluntárias, e mesmo as que prestam serviço remunerado, fazem alguns trabalhos voluntários, por terem consciência da sua importância e do seu valor.
Doular mulheres modernas e urbanas pode ser tarefa mais complexa, necessitando compreender melhor sobre a situação histórica e institucional que este trabalho está inserido, de modo a orientar e facilitar o auxílio. De acordo com Adriana Tanese Nogueira em “A doula, a gestante e o parto de ambas”:
“A função da doula é melhorar a vivência de parto de uma mulher. Ela obtém esse resultado usando diferentes recursos, tais como dando informação, apoiando emocionalmente, providenciando conforto físico durante o parto, etc. Seu papel é o de co-adjuvante da protagonista da cena, a parturiente.” [...] (grifo meu)

“O dar à luz de uma mulher urbana e aculturada é hoje um fenômeno muito mais complexo do que é entre povos indígenas, que seguem rítmos naturais e alheios à civilização. Por este motivo, é de consciente humildade que a doula precisa. Ela deve adotar uma persistente postura de aprendiz, observando com atenção e abrindo mão de toda e qualquer idealização sobre como deveria ser o parto, para que sua ação seja pontual e benéfica para aquela determinada mulher.” [...]
“Entretanto, à doula cabe saber o que é melhor em termos de fisiologia do parto e do que se entende por humanização. Ela deve promover o protagonismo feminino, o parto ativo e a liberdade de escolha. Por isso mesmo, ela deve saber se colocar de lado quando for necessário, sem ressentimento e sem culpa.”
(Em: Guia da Doula Parto, Editora www.biblioteca24x7.com.br)

Hoje, a Doula que vem de uma formação moderna, e que vai auxiliar mulheres urbanas inseridas nesta cultura, necessita também atentar para outras questões alheias à mulher gestante/parturiente. É preciso tomar certos cuidados e investir em informação para ter condições de oferecer um atendimento devidamente humanizado, diante de uma cultura e de instituições que supervalorizam e sobrepõem valores materiais aos humanos. Entretanto, há que se tomar cuidado pois, a qualidade do “serviço” prestado pela Doula não deve ser medido apenas pela voluptuosa formação/capacitação que ela investiu. Seria o mesmo que comprar um produto mais pela etiqueta que nele está impressa, do que pela qualidade que ele oferece.
Para saber se uma mulher está ou não pronta para doular é preciso sentir pelo coração. É preciso ter afinidade e um coração aberto para que a Doula possa ser revelada. É uma avaliação relativa, não depende diretamente de uma coisa ou outra, mas de um conjunto de fatores subjetivos.
A sabedoria para doular uma mulher em trabalho de parto, assim como a sabedoria para doular também as dificuldades do mundo moderno, nasce da capacidade da generosamente de DOAR-SE ao outro, no sentido maior de servir ao próximo. Doar presença, amor, compaixão, compreensão, aceitação, atitude, quietude, uma palavra, o silêncio, o perdão. 
A Doula pode ser percebida não só na ocasião de uma gravidez, ou de um parto, mas também diante dos seus atos perante à vida. Não tem como separar um comportamento que é tão inerente à essência da pessoa. Este comportamento carinhoso e caridoso da acompanhante Doula é o que a mulher gestante mais carece no mundo moderno e urbano, para ter condições de conduzir um bom final de gravidez para dar condições que em trabalho de parto ela possa ter paz para receber essa nova vida e realizar os melhores registros no início desta relação de mãe e de filho.

O Mundo precisa de Doulas

A Humanização do parto deve ser resultado do nosso comportamento no mundo, precisamos abrir nosso coração e nossa consciência para o humano, para o outro. O outro é imperfeito como nós somos, e somente com respeito e amor é que poderemos plantar sementes boas, e cultivá-las também.
Há que se identificar o que nos move na vida. Para se falar em humanização é preciso saber se quem fala é o coração. Os bens materiais, os acúmulos monetários, o conforto exagerado, o status e o poder devem ser repensados, não podem ser o principal. Não no projeto de humanização.
Todavia, este comportamento tão convencional, tão aceito pela sociedade é facilmente assumido por traz da “bandeira” da causa, sujeitando a pessoa a se afastar das razões do coração e, assim, se afastar da Humanização. É preciso ter firmeza nos propósitos fundamentais da Humanização. Assim, nas palavras da Adriana, eu seu texto “Humanizar, o que é isso?”:

“Humanizar é individualizar a pessoa atendida através de um comportamento também individual. Precisamos estar atentos para não seguir padronizando, ignorando o indivíduo humano.
“Humanização é saber questionar o que foi aprendido, averiguando e inovando, seguindo o que faz sentido agora, e não porque uma autoridade assim falou. Humanizar o profissional é individualizá-lo para que ele seja capaz de agir em primeira pessoa, não como um repetidor de informações dadas e nunca conferidas. Humanizar a gestante é dar-lhe condições de ser autônoma e independente, e não assustada e dependente. [...]
O que fazer para fomentar a conscientização? Obtém-se esse resultado quando se encoraja o pensamento crítico, isto é o questionamento e a reavaliação de idéias, práticas e hábitos. O debate aberto e franco das idéias é um dos caminhos mais propícios. [...]
Em síntese, humanização do parto e nascimento significa atitudes crítcas e autônomas que não justificam saberes autoritários para esconder o medo da mudança. Significa atitudes corajosas e honestas que possibilitem a individualização de todos os envolvidos. Cada mulher, cada parto, cada profissional, cada relação, cada dia é um dia, uma relação, um profissional, um parto, uma mulher diferentes. [...] (grifo meu)
O único jeito se sobreviver nesse cenário sem ter uma crise de nervos é abandonar comportamentos padrão e ser também tão únicos quanto únicas são as situações e as pessoas que se encontramos. Isso não quer dizer, desconsiderar os saberes já adquiridos. Ao contrário, isto permite seguir criticamente saberes, crenças, intuições, conhecimentos, tradições. Assumi-los com olhar crítico, averiguando na prática, observando, analisando, conferindo e aprimorando o conhecimento dado em confronto direto com a vida, tendo em vista sua complexidade de aspectos. Atitude científica corresponde a isso.”
(Fonte: Humanização: o que é isso?)
Dificilmente conseguimos ofertar a intenção do coração se não a ofertamos à nós mesmos em atitudes cotidianas. É preciso nos individualizar em cada atitude, e se colocar na condição de aprendizes diariamente. Desde os governantes mais influentes e poderosos até cada um de nós podemos todos ser Doulas, acolhendo, respeitando, apoiando, estando junto, humanizando as relações.
E como diz o Pediatra Carlos Eduardo Corrêa: “precisamos propiciar melhores nascimentos, melhores vínculos mãe-bebê ao nascimento, melhores vínculos familiares, para que as crianças possam se tornar melhores adultos, e o mundo possa ter mais paz”.

Paz!

Kelly Mamede Junqueira Silva, formada em Direito, mãe, doula e fotógrafa. 
Texto extraído de sua Monograifa final para o Curso de Formação de Doulas Parto, ministrado pela ONG Amigas do Parto, II semestre 2010 - publicado em 16/01/2011 http://www.amigasdopartoprofissionais.com/2011/01/doular-e-doar.html

 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Relato do Parto Domiciliar da Dominique (por Kelly Mamede, Doula)

Hoje, dia 23 de janeiro de 2012, eu tive a enorme felicidade de acompanhar, como Doula, o 1º parto domiciliar de Uberlândia (que se tem registro). E é com enorme prazer que eu venho aqui fazer este relato.
Mesmo ainda cansadinha e com os meus dois pequenos em volta, não consigo me conter...

Depois de uma madrugada em trabalho de parto (após dias de pródomos, e falsos inícios de TP), no conforto e tranquilidade do seu lar, ao som de músicas deliciosas e cuidadosamente selecionadas pela mamãe, recebendo o carinho e a presença positiva e confiante do marido, ouvindo as gracinhas e os risos do filho de 2 anos brincando no quarto ao lado, que tem a liberdade de entrar e sair no quarto da mãe cuja porta se encontra sempre aberta, e vê, e conversa, e toca a mamãezinha, assimilando devagarinho que a sua linda irmã Luíza está chegando, à meia luz de velas seguidas do sol que chega de mansinho na manhã que se ilumina, eu tive a honra de presenciar um trabalho de parto tranquilo, intenso, empoderado, e um parto tão lindo e tão emocionante da querida Dominique.

Nasceu Luíza, surpreendendo à todos naquele momento, coroando, descansando, completando suas rotações, e escorregando linda e suavemente de dentro da sua mãe. Uma cena difícil de esquecer. Uma postura materna tão conciente e cheia de poder parindo sua filha num silêncio e numa concentração inspiradora e comovente preenchendo toda aquela casa.

A bolsa rompeu pouco tempo antes da saída da Luíza. Estando numa posição de 4 apoios, (fazia poucos minutos que a Dra. Silvia avaliou que ela já estava com 9 cm de dilatação), Dominique disse: "rompeu, fez um ploc, agora ela está aqui em baixo". Em seguida deu um gemido grosso sinalizando que já estava obedecendo seu corpo fazendo força de expulsão. Sentou-se no banquinho de parto e no mesmo minuto, Dominique silienciou-se concentrando fortemente de olhos bem abertos, um silêncio respeitoso e carinhoso pairou em torno dela, somente nossa presença e nossos olhares em apoio e em reconhecimento. Nesse mesmo minuto começamos ver a cabecinha da Luíza saindo toda. Dra. Silvia pediu compressa morna para aparar o perínio, e o fez de forma tão respeitosa e especialmente carinhosa. Dominique olha e vê sua filha ali, faz um carinho, dá um belo sorriso e logo em seguida volta a se concentrar de novo nas forças de expulsão. Luíza vem deslizando docemente, indo direto para o colo da mãe que a segura com firmeza recebendo a pequena com tanto amor. Chama pelo filho "Joãaaaao", ele vem correndo e no colo do pai olha sua irmãzinha e abre um sorriso maroto, feliz por estar ali presente. João sai correndo pelo corredor da casa dizendo "nasceeeeeu, minha irmã nasceeeu!!!" todo contente.

Nós todos ali em volta, comovidos e emocionados, só sabíamos rir de tanta felicidade em reconhecimento àquela energia de nascimento e de vida que inundava aquele lugar.

Ali no aconchego do lar, sem a pressão do ambiente hospitalar, da contagem do tempo, o horrível tic-tac que às vezes assombra, dos controles e intervenções sobre a informação do processo de dilatação, no ambiente da mulher e da família, sob o total reconhecimento da própria responsabilidade no processo de parto e nascimento do seu filho, sob forte comprometimento da mulher e do marido em todo o processo, é bonito perceber a naturalidade do trabalho de parto e do parto acontecendo. Ver a beleza do nascimento com outros olhos. Perceber melhor as alterações da mulher, e ter maior facilidade de saber, sem ter que tocar, em que fase a mulher está, pelas reações que ela livremente apresenta. As contrações fortes ("diferentes" dos pródomos) deixando a mulher ter a certeza de que agora sim, está em trabalho de parto... nessa hora os intervalos são cheios de conversas e lindos sorrisos... mais na frente a mulher começa a ficar um pouco menos tolerante às conversas, percebendo a seriedade que lhe está sendo exigida... fala menos, ri menos, não encontra facilmente uma posição que alivie as dores, na maioria das vezes precisa ser guiada nessa hora para não "descer a ladeira dos pensamentos e sentimentos negativos"... precisa se concentrar mais. Muda novamente de comportamento quando vem atingindo a dilatação total demonstrando mais força e bravura. E finalmente se encontra definitivamente com o parto e consigo mesma de forma especialmente intensa. Sendo presenteada pela alegria do nascimento do seu filho.

Eu me sinto muito feliz hoje por ter vivido esta experiência como acompanhante, e quero agradecer à todos que estavam ali, pois cada um desempenhou um papel importante para que tudo acontecesse em tranquilidade. Dra. Silvia foi lindamente carinhosa e respeitosa, trazendo seu sorriso aberto e cheio de vida, permitindo que a Dominique guiasse seu processo de parto. Natália, amiga Doula que estava presente também prestou um grande apoio e uma presença tranquila e serena. Dr. Marcus (pediatra) que aceitou e atendeu ao nosso chamado para o parto domiciliar, com segurança, tranquilidade e sensibilidade, dando um apoio bem carinhoso à Luíza e à Dominique. E especialmente agradeço à Dominique que me chamou para estar presente desde sua gestação, e me acolheu na sua casa tão quentinha e na sua família cheia da amor; e ao Fernando que atuou tranquilamente como pai, marido, anfitrião, organizando tudo, dando apoio à sua esposa, cheio de carinhos com o filho, trazendo pão de queijo pra gente comer de manhã... 

Dominique, uma mulher forte, meiga, um sorriso lindo, uma postura consciente, não se deixou abalar pelos falsos TPs e o longo período de pródomos que antecederam ao parto, que tomou frente de todo o processo, soube o que fazer, curtiu, e recebeu sua bebezinha dentro desta energia de força e luz maternal.

Parabéns e felicidades à vocês todos!
Que Deus os ilumine sempre.

Kelly Mamede
Doula emocionada, rindo à toa, feliz por reconhecer e ser grata de estar neste caminho.
E que, com autorização da Dominique, publica este relato.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Objetivos

Acreditamos que o processo da gestação e do parto vivido da forma mais consciente é a melhor forma de experimentá-lo e de trazer um filho ao mundo. O objetivo deste grupo é principalmente prestar INFORMAÇÃO às mulheres que se interessarem pelo parto normal, preferencialmente pelo parto natural. Estamos dentro do movimento pelo parto humanizado que traduz o respeito às escolhas conscientes que a mulher faz sobre a forma de trazer seu filho ao mundo. Gestar e parir podem ser as experiências mais sublimes que a mãe e o pai podem viver. E é o que desejamos!

Convidamos aos interessados que façam parte da nossa lista de discussão do Google: http://groups.google.com/group/bom-parto
Email: bomparto.uberlandia@gmail.com


Bem Vindos!